terça-feira, 3 de novembro de 2015

A verdade por trás da beleza

Essa notícia me chamou a atenção pela era em que estamos vivendo, que mais valoriza o belo do que o verdadeiro!!!

"Celebridade do Instagram decide revelar a verdade por trás do sucesso das blogueiras com milhares de seguidores
Observar as pessoas através das redes sociais nos faz pensar que elas são felizes o tempo todo, fazem coisas interessantíssimas todos os dias, sempre estão nos lugares/paisagens/restaurantes/baladas mais legais do mundo e cercados por amigos incríveis. Mas claro que a vida real não é exatamente assim para todo mundo e é justamente isso que uma blogueira australiana chamada Essena O’Neill decidiu revelar.

Aos 18 anos, Essena é uma celebridade do Instagram e coleciona 700 mil seguidores, além de mais de 260 mil inscritos em seu canal no Youtube. Considerada uma “digital influencer” – nome dado a pessoas que ajudam a construir mensagens de marcas e a estimular hábitos culturais e de consumo – Essena surpreendeu seus fãs ao excluir mais de 2 mil fotos de seu perfil e trocar a legenda de muitas das fotos que restaram. Agora, sua descrição na rede social é "Social Media Is Not Real Life" (Mídia Social Não É A Vida Real) e as fotos ganharam um alerta de “legenda real” onde ela conta a história verdadeira por trás de cada clique.

Nas novas legendas ela compartilha quanto ganhou para usar determinada roupa, as horas que precisou esperar para fazer a foto perfeita, as edições de imagem que lhe deram aparência perfeita escondendo espinhas e olheiras, e assim por diante.

Legendas de algumas fotos publicadas: 

Me pagaram por esta foto. Se você está olhando para as "Meninas do Instagram" e desejando ter a suas vidas... Perceba que você só vê o que elas querem. Se marcam uma empresa, 99 % as vezes elas estão pagando. Não há nada errado em apoiar marcas que você ama ( por exemplo, eu orgulhosamente promoveria marcas veganas em troca de dinheiro já que este tipo de negócio faz sentido para mim) . Mas isso aí (da foto) não faz nenhum sentido. Não há nenhum sentido em um sorriso forçado, roupas minúsculas e ser paga para ficar bonita. Somos uma geração feita para consumir e consumir, sem nenhuma ideia de onde tudo vem e para onde tudo vai.


"Eu estava com acne aqui, isso é um monte de maquiagem. Eu estava sorrindo porque pensei que ficava bonita. Felicidade baseada em estética vai sufocar o seu potencial aqui na Terra."

Editado: “Por favor, dê like nesta foto, eu me maquiei, enrolei meu cabelo, vesti um vestido apertado, usei uma bijuteria desconfortável... Tirei 50 fotos até que tivesse uma que achei que você fosse gostar, então editei este selfie com toneladas de aplicativos apenas para que eu pudesse me sentir aprovada socialmente por você.

"Me pagaram 400 dólares para postar um vestido. Isso foi quando eu tinha uns 150 mil seguidores. Com meio milhão, eu sei de várias marcas online que pagam até 2 mil por post. Não há nada de errado em aceitar acordos de marcas. Eu só acho que isso deve ser aberto ao conhecimento. Esta foto não tem substância, [o vestido] não foi feito através de uma fabricação ética (eu não sabia na época). Mídias sociais não são reais. Este é o meu ponto. Esteja atento ao que as pessoas promovem, questione você mesmo, qual é a intenção atrás da foto?"

“Por favor, valide meus esforços para parecer sexy com minha bunda sendo o foco desta foto”. Eu gostaria que alguém tivesse me chacoalhado e me dito que aos 16 eu tinha muito mais do que minha sexualidade. Isso era tudo que eu pensava que os outros queriam, isso é o que gera likes e era isso que eu achava legal. Não há nada legal nisso. Esta é uma foto tirada para ganhar likes. Não há nada inspirador nisso. A mídia social é uma ilusão."

"Não é a vida real. O único motivo pelo qual fomos à praia nesta manhã foi tirar fotos destes biquínis porque a companhia me pagou e também porque eu ficava bonita considerando os padrões atuais da sociedade. Eu nasci e ganhei na loteria genética. Por que mais eu teria postado esta foto? Leia entre as linhas, ou pergunte a você mesmo 'por que alguém posta uma foto?... Qual é o resultado para eles? Fazer a diferença? Parecer gostoso? Vender alguma coisa? Eu pensei que estava ajudando garotas a serem saudáveis. Mas eu só percebi aos 19 que colocar qualquer quantidade de autoestima em sua forma física é tão limitante! Eu poderia estar escrevendo, explorando, brincando, fazendo qualquer coisa bonita e real... e não tentando validar meu valor através de uma foto de biquíni sem substância."

Fonte: https://estilo.catracalivre.com.br/comportamento/celebridade-do-instagram-decide-revelar-a-verdade-por-tras-do-sucesso-das-blogueiras-com-milhares-de-seguidores/?utm_source=soclminer&utm_medium=soclshare&utm_campaign=soclshare_facebook

É para se pensar, né?! Deixo a reflexão para cada um...


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Depilação é a burca brasileira

Queridos leitores,

Li este texto no perfil de uma colega que está passando por uma experiência incrível no Egito!
Espero que gostem e reflitam =)

 Depilação é a burca brasileira


"Venho recebendo várias perguntas de mulheres e amigas do Brasil curiosas em entender um pouco mais do cotidiano feminino aqui do outro lado do mundo. Pois bem.
Não é a primeira vez que saio do nosso país, mas esta com certeza está sendo uma experiência completamente nova para mim. Participar de um projeto mundial de jovens, através da AIESEC tem sido uma Superexperiência. O local? Egito, no norte da África, país muçulmano considerado um dos mais ocidentalizados entre os países árabes. Muitas histórias, muita coisa nova, muito aprendizado cultural – e é so a primeira semana da jornada.
Fato é que eu estou no país faz alguns dias, quando conheci a primeira mulher egipcia quase da minha idade. Na delegação arabe só tem representantes homens. A menina egípcia, me explicou que a dificuldade vai além das barreiras de gênero culturais, mas inclui também a legislação que não permite que mulheres viajem sem seus maridos ou familiares homens a não ser que tenham autorização expressa documentada. Em 2015 aqui no Cairo eu não sabia disso.
Em 2015, sobre o Egito eu não sabia de muitas coisas.
Reproduzirei um discurso segundo o qual as mulheres árabes muçulmanas são infelizes oprimidas e deveriam era fazer logo uma revolução, não usar véu e sair de fio dental por aí. Fio-dental sim é que é liberdade. Depois dessa viagem tenho pensado e repensado e apos encontrar essa mulher na minha vida e vir observando tantas outras meninas árabes muçulmanas, enxergo o quão complexas são as questões de dominação. Em qualquer lugar. Ponto.
Então, ok. Sei lá quantos jovens de dezenas de países diferentes, todos juntos. Tenho feito amigos do Japão, da Irlanda, do México, da Argentina, do Canadá e por aí vai. Não à toa que minha página do Facebook tem centenas de amigos com nomes às vezes impronunciáveis em português. Culpa desses eventos e viagens deliciosos. O nome da primeira egípcia que conheci não me lembro. Ela mudou minha vida e nem mesmo trocamos contato.
Eu brasileira, todo mundo quer conversar, saber sobre o Brasil, sobre samba, Dilma Rousseff, política, Neymar, Rio de Janeiro, churrasco e falar que ama o Brasil. E não é novidade que falar e instigar não seja um problema para mim. Então a partir dai, é fácil conversar e conquistar a simpatia das pessoas. Ontem fazia 40ºC na sombra. O clima aqui é muito quente e muito seco e estávamos em uma roda de discussões.
Começamos a conversar, ela supersimpática, uma fofa, fofa, fofa. Aí reparei que enquanto eu estava de saia (longa) blusinha de manga e cabelo preso, ela estava de saia até o tornonzelo, meias, tênis fechado, blusa de manga comprida e véu. Não são muitas jovens que usam véu aqui. Algumas senhoras e meninas apenas, pelo que venho percebendo.
Imaginei que ela estivesse morrendo de calor e perguntei. Ela disse que não, que já estava acostumada e as roupas ainda a protegiam do sol. Em minha ignorância antropológica pensei “coitada, tão dominada…” e continuei cutucando o assunto pra ver se dava caldo. Quem sabe ela não começava uma revolta ali mesmo? Quem sabe eu, que era ocidental, educada na liberdade, não abria seus olhos?
Ela me disse, então, algo muito, mas muito, muito, muito sábio. Gostaria de ter registrado as palavras exatas, mas não lembro. Tentarei reproduzir.
– As roupas compridas aqui são a depilação de vocês.
– Hein? Eu disse.
– Nós podemos, aqui usar roupas curtas como as que você usa no Brasil.
– Então como não usam, com um calor desses?
– Bom, aí é que está a questão. Poder, você pode. Mas se você usar, não consegue namorado, aí não consegue casar, aí é uma tristeza pra você e pra sua família…
– Mas e a depilação?
– Bom, imagino que dói fazer depilação, certo?
– Sim.
– Então por que vocês se depilam sempre? Teoricamente você pode parar certo?
– É, mas aí…
Creio, amigos que não preciso continuar a conversa. Nós, mulheres tememos que aconteça algo se não nos depilarmos? Por que nos sentimos “sujas” ou “feias” se não estamos depiladas?
Depois desta lição de vida (e outras mais) nesta viagem incrivel meu ponto de vista e minhas perspectivas e opiniões sobre depilação, véu, burca, dominação de gênero, estética e por aí vai, mudaram para sempre. A complexidade das relações que estabelecem um fenômeno social (como este sentimento de imprescindibilidade da depilação na sociedade brasileira) vai muito além de relações imediatistas de causa e consequência como somos levados a acreditar pelos meios de comunicação de massa.
Em suma: o buraco é muito mais embaixo.
[Ps.: prova disso é que eu queria colocar uma figurinha aqui que representasse dor de depilação; na internet inteira, via Google Images, só encontrei fotos de mulheres FELIZES, SORRINDO durante a depilação. Alguém aí sorri no meio da depilação? As únicas que apareciam de gente sentindo dor eram de… homens. Então tá, sociedade, falou, só homens sentem dor ao arrancarem pelos com cera quente.]
Conto mais em breve!"
 Jeniffer Damarys Silva


No meu ponto de vista, essas mulheres são "escravas da burca" assim como nós, brasileiras, somos "escravas" dos padrões de estética que a sociedade impõe. Vejo esses padrões de certa forma aprisionando algumas mulheres mais a cada ano que passa devido também à grande influência das redes sociais. Enfim, cada cultura tem a sua burca! 
(Claro que no caso do Egito há a forte submissão das mulheres, afinal estamos falando de uma cultura completamente diferente da nossa. Mas este é tema para um novo texto!).



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer

Depois de tanto tempo sem postar nada, começo pedindo mil desculpas!!!

Recebi este texto em um grupo de amigas e achei que ele tem tudo a ver com o "Idade Produtiva"!

Espero que gostem! Créditos para Ruth Manus, escritora do mesmo.

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Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos: “Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá. Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar.Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém. ”Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta.O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens,  homens e velhos homens.O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós? Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro.  Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”.“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…”Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina.O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência?E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta. 
Ruth Manus