segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tivemos uma matéria na pós chamada "Mídias Digitais" que nos abriu muito a cabeça e nos fez ver o poder de toda essa tecnologia com a qual convivemos diariamente, minuto a minuto.
Ela possui inúmeros prós e contras, e nos daria insumos para uma discussão sem fim!
Mas resolvi focar no impacto dela nos relacionamentos humanos.
Espero que gostem!

Tempos Exponenciais e os Relacionamentos Superficiais
Por Mariana Mestieri



         Em meio a tanta tecnologia, passar uma mensagem a alguém é algo muito simples e rápido. É possível comunicar-se com inúmeras pessoas em um só dia, sem ter que se ausentar das suas tarefas diárias para isso. Basta postar algo em sua rede social ou enviar mensagens em grupos do Whatsapp e todos receberão o seu recado. As pessoas referem-se àqueles que curtiram ou comentaram suas mensagens como “amigos”, uma vez que de certa forma, aquelas pessoas te ouviram e responderam.
            Porém, há uma impessoalidade nessas trocas de informações. São inúmeras falas e risadas todos os dias, e aquela famosa frase “Vamos marcar alguma coisa” também quase todos os dias. Você conta nos dedos quantas vezes viu aquelas pessoas no ano, e chega à conclusão de que possui na verdade muitos colegas virtuais,  colegas esses que sabem muito do que você faz, mas pouco sabem do que você sente. E, infelizmente, quando você realmente precisa, vê que não são eles que poderão estar ao seu lado, até porque você nem tem como expor seus sentimentos a pessoas que sabem apenas do superficial que todos sabem – todos mesmo, até quem você mal conhece mas está ali na sua rede.
            As relações que nós deveríamos de fato cultivar, que são os familiares e grandes amigos, acabamos não o fazendo. Afinal, quando estamos em um compromisso familiar, estamos no celular. Já não é mais possível deixar todas aquelas mensagens de lado para bater papos monótonos com a família ou um grupo restrito. Como Zygmunt Bauman diz: “no mundo capitalista existe o agente consumidor, que utiliza os bens ou serviços disponíveis, e sua frustração maior não é a falta do produto, mas sim a multiplicidade de escolhas disponíveis. E que será necessário abrir mão de várias possibilidades para ficar com apenas uma ou algumas alternativas de produtos e bens”. É exatamente isso o que acontece: por que conversar com uma única pessoa, enquanto podemos estar com milhares ao mesmo tempo? E podemos ser “ouvidos” por todas elas em um clique? Quanto de informação se perde em 10 minutos offline?
            A distinção entre os graus de relacionamento confunde-se nesse meio, em que para parabenizar alguém, por exemplo, você envia uma mensagem abreviada e um presente virtual, independentemente do nível de afetividade em relação àquela pessoa. Receber uma ligação chega a ser um privilégio, uma demonstração de carinho não convencional. A correria da rotina faz com que nós nos acostumemos cada vez mais com esses relacionamentos superficiais, afinal com eles nunca estamos sozinhos!
            Essas são características da modernidade líquida, que por oferecer tantas opções, faz com que as pessoas não consigam se contentar com uma escolha por vez, valorizando mais a quantidade do que a qualidade das relações. A tecnologia por um lado, aproxima pessoas que estão distantes, mas por outro, afasta as que estão próximas.           

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